terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Aquela

Por Ricardo Casmurro & Raguinm

Ela viu tudo que poderia ter visto
Fez tudo que poderia ter feito
Em seus sonhos

Uma vida vivida sem função de sua servidão
Impediu-se de toda força que poderia ter sobrevivido, então,
Ante o olhar desesperao de seu desejo
Pois o Parasita lhe mordeu o seio

E de toda a vida se arrepende
Sob o peso das trevas, a cabeça pende
E se culpa, como sempre, de repente
Por algo que nem ao menos ao certo entende

Sempre as mesmas palavras, as mesmas orbigações
As jaulas de sua vida simples, os sosns de seus grilhões
Nunca pudera viver com plenitude as paixões
Sofrera viva tudo o que pode a simplicidade dos peões
Ou não tanto

Agora, afogenta-se da luz que lhe queima os olhos
Mal move seu corpo fraco e gasto por sua idade
Viveu a vida presa, abandonou as glórias em nome duma inútil moralidade
Viveu sempre a serviço do que lhe foi imposta, muito bem longe dos sonhos
E agora não há mais o que fazer
Seu corpo caiu, envelheceu, quase quebrou
Seus ossos mal suportam seu próprio peso
Nãp há mais nada que possa ser
Nesse tempo que lhe resta. Sua vida já passou
E nem mais o quarto quer se manter aceso
O mundo ao seu redor lhe presenteou com a solidão
Abandonada numa enoirme casa vazia
Seus poucos cômodos cheiram à mais amarga podridão
Da angústia que esta velha decrépita sentia
Tão vazia quanto seu coração
Tão escura quanto sua mente
Fora abandonada por todso e judiada pelas crianças
Virou bruxa, assassina e até fantasma
Enquanro lembra de toda emoção
Enquanto lembra da morte de todos que amou, sente
Pois mesmo os vivos estão apenas nas lembranças
Sua velha e amada companheira era a casa
Que ela todo dia, sozinha, arrumava
Para não lembrar de sua vida
Agora nem isso pode mais, não aguentaria
E sente-se, enquanto empoeira a casa, agoniada
A vela que acendeu ao seu lado marca o tyempo de sua vida
Que não valeu a pena mesmo ser vivida
As ruínas do que fora desabam com os pedaços de sua casa
O amor, não existiu, o pelo qual sua vida guiara
E tudo agora é nada
O som do mundo ao redor está sumindo
E a escuridão vai lhe possuindo
Olha para o céu em busca de perdão
Pelos pecados que não cometeu
Mas sua resposta é a solidão
E em algumas semanas verão o teu
Lar invadido pela comunidade incomodada
Finalmente todo lhe darão atenção
Com o cheiro forte de sua abandonada carne putrefata

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