sábado, 30 de janeiro de 2010

Cartas-produções

Por Raguinm

Algumas coisas precisam de uma pontinha só
Para se fazer andar
Outras coisas movem o mundo e quase levam-no ao pó
Apenas para começar a iniciar

Seu desespero é o meu álibi
O perigo de desmoronar se faz visível
O seu cajado mágico trouxe o que cabe
Mas se desfaz em cinzas ao olho do impossível
Se funde, se cria, se refaz em impossível
Andado cheio de mulheres no seu carro entulhado e conversível
Na moda da vossa futilidade caríssima e volúvel

REFRÃO
As minhas mãos latejam
E eu as aperto até sangrar!
Meus olhos lacrimejam
E eu os aperto até queimar!
O meu corpo se enansia
E eu me enfureço até gritar!
A minha garganta grita
E eu grito até ela rasgar!

As cartas-produções se afundam enquanto a ventania
Furiosa reanima as ondas em ressaca sanguinária
O cheiro da tua pele descamada, sangrada, marcada
Nas fotos do seu consumo cheio de desprezo e agonia
Que retorna do inferno de seu intrapsicoconfronto
Alienoconformado com a desretrofiguração inconopsíquica

REFRÃO

Perdão, perdão
Tudo que fiz foi um erro!
Agora quero ouvir
O seu desesperado apelo!
E as tripas voam
Por entre os ratos a correr
Correr e morder
As carnes das feridas
Dos cadáveres
Que se entulham
Jogados na podridão
E os vermes a celebrar
Enquanto os restos do
Nosso mundo putreficam!

REFRÃO

Sobre: Um mundo cheio de problemas como nosso em que aqueles que sofrem dele não conseguem superá-lo, reforçando valores e desejos burgueses que não solucionam os probelmas das massas e da classe trabalhadora. Se isso não se resolve, as cartas-produções criam um mundo turbulento e um avanço no sentido do retorcesso, a barbárie afinal com vermes a celebrar.

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