sábado, 13 de fevereiro de 2010

Democracia Falida

Por Raguinm

Eu tenho um amigo triste
Triste como as flores
Tão triste que não as vê abrir
E tão fechado e triste, dorme

A banda toca feliz a sua canção feliz
Mas o carros e os pedestres só andam sem ouvir
Os morros pagodeiam-se em ladeiras aqui
Mas se a flor está na penumbra, o tempo se vai em chamas frias

Me chamem para uma festa bombante
Mas a corrida preferida volta no amante
Da gravata enforcada na bruxa verde-oliva berrante
Sozinha na poesia fina, carcerária e semblante

Ah, a flor foi desfeita e se esqueceu na floresta de pilastras
Os prédios altos, topadas de homens e moedas de ouro
Baseadas no fundo do buraco fedido de trabalhadores sujos
A mão calada e desfigurada - o temor, a solidão, o matadouro

O fim não chegou, mas brinca no nosso quintal!

A mão do braço forte e sujo caminha insegura pelos andaimes
Os passos calmos e apressados de um olhar forçado e calado em redondezas esquecidas
Pesado em desfazer o des-sonho com o despudor da dificuldade vívida
No pesadelo desfeito e construído nos sonhos e nos olhos de um velho sabido ignorante

Meu filho, me escuta!
Preciso de você pra sonhar pra você!
Não me importo de penar, de perder-me em uma vida que perderei
E o meu mundo vai se partir em pedaços completos por você!
Meu filho, me escuta!

Onde está a propina do meu cinza-merda?
Onde está o pudor do meu corrupto penetra?
Os 4 anos que esmerdalharam a minha missão
E que me levam a um sacrifício vital que se foi em vão
O que mede-se a dentro de seus poderes se esquece no camburão
E a campestre prataria vazia caatinga a soja que devasta pelo devastado industrial são
Nas palavras que viajam por fios e ondas para desconstruir-estruturar os desejos de um reinado tão
Tão bonito e apocalíptico na paixão da canção fúteis e sadias na ivermelhidão...

O futuro será meu carro de luxo
Por que o fim se refez na retomada do caminho
E temo pelo futuro que vem por que me lembra
Que o que faliu como a democracia moderna
Chove por que refresca, mas também inunda e mata
E só a sorte (ou o preparo!) podem beber d'água da chuva...!

Sobre: resgatando antigos escritos meus do terceiro ano... ainda pouco maduro naquilo que são de fato os métodos e caminhos da solução revolucionária, mas que é algo bem pouco importante aqui, por que é só crítica. Apenas os dois primeiros versos do último parágrafo referem-se ao socialismo. Não há nenhuma referência ao stalinismo, o que é um erro meu. Mas existem críticas a diversos assuntos, mas, diferente do que foram minhas produções da época, não culpando as massas por sua consciência, mas criticando as posturas que advém da elaboração consciente de agentes políticos burgueses. A flor aqui é uma referência às flores de Chê da metáfora das flores e da primavera, só que aqui adaptando a simbologia para mais que as pessoas, mas aos fenômenos políticos que empurram a história no sentido da revolução socialista. E o bonito e o feliz aqui são meramente ideologias burguesas, não propriamente ilusões, por que as pessoas de fato os têm, mas demonstrando que são aparência, que cumprem papéis. Existe mta referência, no início, ao proletariado, sua angústia e sua forma de vida; claro que é algo escrito por um pequeno-burguês, logicamente superlativando alguns elementos em relação à realidade, mas no campo dos signos metafóricos tá dentro do que eu ainda acho concreto. Em suma, algo que fala de tudo, ou quase tudo, de uma maneira mt interessante.

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