sábado, 19 de dezembro de 2009

O Anjo e o Demônio

Por Árion Vampyr & Ricardo Casmurro

1.

Um perfume doce
Rasgou minhas narinas
como dardos certeiros
Acertou-me uma sina

Isso que sinto hoje.
De Quem era nem vi o rosto
O perfume trapaceiro
Memória de muito mau gosto

De repente a gente pensa
Nas coisas que se escondem
Atrás daquela intensa
Esquecida memória de ontem

2.

Lembrei-me de um corpo
E suas formas marcadas
Cicatrizes de uma doce maldição

Enganada por um louco
Obsessões psicopatas
Marcas em anjo vivas são

3.

Aqueles dardos de aroma doce
Ultrapassaram meu pescoço e chegaram ao coração
Dividido entre o ódio e a paixão
O que se foi, foi e trouxe, foi e trouxe

4.

Desejos sempre reprimidos
Temidos pelo poder dos olhos fechados
E veio como uma chave abrindo essa alma
Alimentando vontades, ânsias, aconchegos

5.

De herói a vilão, de Deus a monstro
Marcado a ferro quente sem chance de fugir
E agora não, não mais olha meu rosto
De repente me destrói e pergunto "o que fiz?"

Maligno amante sincero
perverso psicótico apaixonado
Anjo todo que venceu o demônio
Anjo tolo que é pior que o demônio

Anjo de correntes e arame farpado
Demônio de chaves, apoio armadurado
Num momento de isolamento amargurado
O veneno endireitado forte tomou-lhe como um dardo
Como o do cheiro pesado da memória áspera
Que engole o enxofre que me rodeia
Eu, corruptor demoníaco marcado
Que cometeu o mais vil pecado
O de ter alguém amado
Do jeito errado

Se repete a tragédia da fantasia
Na comédia da vida
O anjo difama o demônio
Mas ele não é tão feio quanto pintam
(... tá, talvez só um pouco...!)

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